É importante estar atento aos diferentes aspectos que se apresentam em uma longa viagem de moto. Por isso, fique de olho nessas dicas dos nossos amigos motociclistas.
Texto: Equipe Trips & Tips e Nenad Djordjevic
Fonte: Revista Moto Adventure
Considere que uma longa viagem de moto pode significar tanto uma jornada de alguns dias como de vários meses. É uma questão de percepção, mas, independentemente da duração, acabam tendo muitos fatores em comum, que podem ser analisados a partir das experiências vividas por vários motociclistas.
Em longas viagens, inúmeros fatores podem se apresentar, diminuindo sua segurança e tornando-o mais vulnerável. É crucial que um bom piloto esteja atento aos detalhes, sempre observando tudo ao redor, analisando coerentemente as situações e antevendo possíveis complicações. Confira, a seguir, algumas que comumente são relatadas por viajantes de todo o mundo.
PLANEJAMENTO
É bastante provável que você não conheça boa parte do itinerário de sua viagem. Isto faz com que tenha que proceder à análise do pavimento, das condições de tráfego e tudo mais no momento em que estiver enfrentando as situações. O que demanda um estado de alerta total, para que seu desempenho esteja à altura das necessidades. O planejamento estratégico se torna uma ferramenta indispensável – levantar todos os dados por onde passará é uma medida extremamente salutar, pois permite que você saiba de antemão o que poderá esperá-lo em determinado lugar. Note que se trata de previsões, uma vez que é impossível antever todo tipo de ações que possam modificar o plano inicial. Ainda assim, o planejamento ajuda a compor uma ideia de como se deve proceder.
Estradas longas e de bom pavimento tendem a se tornar monótonas, induzindo ao cansaço e ao sono. Combata isto focando a atenção nos detalhes de construção da estrada, a aderência do pavimento, sinalização, comportamento de outros usuários etc. Faça paradas regulares para se alongar, movimentar e se hidratar. O corpo perde muito líquido, que deve ser reposto periodicamente. Esteja preparado para bruscas mudanças no estado da estrada – em muitos lugares, como próximo de divisas estaduais, existe uma categórica mudança na qualidade do pavimento. Não se deixe iludir com o aparente bom estado em um trecho, pois isto pode mudar sem qualquer aviso.
Caso a estrada enfrentada não esteja em boas condições, evite que sua atenção esteja muito próxima de onde estiver passando – ver um buraco a uma distância de cinco metros não é o mesmo que fazê-lo a 20 metros. Quanto mais longe estiver olhando, mais tempo você terá para decidir como lidar com o obstáculo.
Adote um ritmo que permita conforto, mas, principalmente, que dê segurança às suas ações. Deve ser compatível com suas habilidades. A experimentação fora de sua zona de conforto deve ser deixada para quando estiver em um lugar que permita alguma extrapolação – enquanto, em uma viagem, pode significar o abandono de um sonho longamente almejado. O segredo é fazer só o que se sabe, sem se expor a qualquer tipo de risco propositadamente – já bastam os riscos inerentes à própria viagem.
Preste atenção à movimentação de outros veículos – maior incidência de veículos pesados, como ônibus e caminhões, quase sempre acarreta em piso mais ondulado e liquidos derramados. Já em lugares onde predominam veículos leves, é preciso muita atenção às médias horárias e previsão de abusos que, eventualmente, possam ocorrer com as velocidades exercidas por alguns.
LUZ
O nascer e pôr-do-sol são sempre espetáculos fascinantes, mas que aumentam muito as dificuldades de quem está na estrada. Devido ao ângulo formado com a linha de visão, podem trazer ofuscamento da visão em diversas ocasiões. Se não for de suma importância, opte por descansar um pouco até que a visibilidade não esteja tão afetada. Caso contrário, se for preciso, por qualquer razão, pilotar nessas condições, mantenha velocidades compatíveis com sua capacidade de reação e aumente ainda mais a atenção. Boa parte dos acidentes em estrada ocorre exatamente nesses horários, nos quais a visibilidade é prejudicada pela iluminação. Tenha em mente que, no momento em que tiver o sol atrás de si, isto não representará ofuscamento para você; mas certamente ofuscará a visão de quem vem no sentido contrário – portanto, a atenção maior deve ser com o comportamento que esses veículos terão em relação a você. Para se precaver, adote um posicionamento que permita ser visto pelas outras pessoas. E sempre use equipamentos de proteção adequados. O uso de reflexivos é muito útil para torná-lo visível aos demais usuários da via.
VEÍCULO
Todos que estão prestes a executar uma aventura motociclística preparam a moto com extremo zelo, tentando antecipar todo tipo de problemas que poderão enfrentar. Definitivamente é o modelo correto a se seguir, mas poucos se lembram que, em longas viagens, há uma série de desgastes que modificam o comportamento da moto. Fique particularmente atento às mudanças de pavimento – sair de uma estrada de terra ou lama para uma de asfalto significa que os pneus estarão sujos do terreno anterior, precisando de tempo para obter o melhor rendimento no novo trecho. No sentido inverso, o risco maior é estar adaptado a um ritmo muito mais veloz no asfalto e ser induzido a esta velocidade por constância. O novo pavimento exige radical mudança na velocidade e no ritmo – fique atento a esta armadilha!
Com o passar dos quilômetros, os freios também apresentarão mudança comportamental devido ao desgaste natural de suas peças. Atentar ao comportamento dos freios a cada etapa do trajeto evita que você seja surpreendido por um funcionamento deficitário do sistema.
A transmissão também deve ser observada com cuidado. Uma corrente suja, empoeirada, ou sem a devida lubrificação pode ocasionar sérios eventos – da simples quebra a acidentes fatais. Inspecione periodicamente, durante a viagem, o sistema de transmissão, mesmo que seja cardã ou correia dentada. Deixar de conseguir transmitir a energia do motor para a roda pode significar o fim de uma viagem. Uma moto que não esteja respondendo como deveria, deve ser imediatamente inspecionada – caso o reparo não seja possível ou viável de imediato, o piloto deve proceder com extrema cautela até que possa sanar o problema.
CONDUTOR
Uma longa viagem de moto pode trazer muitos aspectos negativos para o condutor – acostumar-se a uma rotina é o menor deles, enquanto a ansiedade para completar um objetivo pode facilmente ser desastrosa.
Afastar-se de seu cotidiano pode ser, a princípio, uma boa ideia para recarregar as baterias biológicas e emocionais; mas, como nada é perfeito, também traz uma carga de problemas que um bom piloto deve saber enfrentar.
O cansaço em viagem é um fator que quase sempre está presente em eventos catastróficos – nunca permita que haja a diminuição de suas capacidades operacionais por querer cumprir uma data ou horário. Cansaço não tem hora – e quando acontece, deve ser respeitado, pois poderá acarretar em um problema muito maior que o simples atraso. Fique atento às suas habilidades e, assim que identificar uma diminuição, pare para se recompor – o tempo que for necessário, não importando onde esteja.
A tensão causada pelas condições de viagem em determinado ponto também oferece riscos à segurança, pois turva sua capacidade de raciocínio, expondo-o a decisões potencialmente perigosas. Ao se sentir incomodado em algum trecho – ficando tenso ou estressado –, antecipe a parada e procure relaxar. Alimente-se adequadamente e dê muita atenção à hidratação. Evite ao máximo fazer experimentações com comidas exóticas ou muito condimentadas – o que menos precisamos é uma indisposição alimentar! Apenas prossiga quando conseguir novamente focar sua atenção no que está por vir.
E jamais utilize medicamentos, drogas ou álcool enquanto pilotar. A diminuição de suas capacidades raramente é perdoada pela moto – ela exige que o condutor esteja sempre apto para exercer as funções necessárias à pilotagem. Quando isto não acontece, cobra caro o desrespeito. Portanto, esteja preparado!
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*Matéria publicada na edição #128 da revista Moto Adventure.
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